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BUDISTA: Vida e Morte

Ensinamento de Meishu Sama
 

 Para o ser humano, não existe questão mais séria do que a morte. Nada, portanto, poderia proporcionar-lhe maior alegria do que uma explanação da questão. Na Europa, espiritualistas como Sir Oliver Lodge e Maeterlinck se dedicaram ao estudo da vida após a morte e publicaram vários livros a respeito. Eu vou escrever sobre o assunto com base nos resultados que obtive ao pesquisar os fenômenos espirituais relacionados com a morte.
Ao abandonar seu corpo físico que não pode mais ser utilizado, o espírito retorna ao mundo espiritual, onde reinicia uma nova vida. Primeiramente, vou descrever o que ocorre no momento da morte sob o ponto de vista espiritual. Geralmente, o espírito abandona o corpo físico saindo por um dos três seguintes pontos: a testa, o umbigo ou a ponta dos pés. O espírito purificado – isto é , aquele que acumulou virtudes praticando o bem durante sua vida terrena – sai pela testa. O espírito muito maculado, que acumulou nuvens em consequência de seus pecados e ações malignas, sai pelas pontas dos pés. O espírito médio sai pelo umbigo.
Uma enfermeira que tinha dons de clarividência descreveu da seguinte maneira a sua experiência com um moribundo. Este exemplo é ocidental: "Um dia, ao observar um paciente que estava morrendo, vi uma substância branca, semelhante a uma névoa, sair como um fio de sua testa. Essa substância espalhou-se lentamente pelo espaço formando uma grande massa irregular parecida com uma nuvem e esta, aos poucos, foi assumindo uma forma humana. Alguns minutos mais tarde essa nuvem transformou-se numa perfeita reprodução da figura do paciente, quando vivo. Ele ficou pairando durante algum tempo no ar a observar o seu próprio cadáver. A seguir olhou para seus parentes que choravam agarrados ao morto, como se quisesse mostrar-lhes que estava ali. Mas depois – certamente ao se dar conta de que se encontrava numa dimensão diferente – pareceu desistir da tentativa, pois dirigiu-se para a janela, pela qual saiu flutuando". Esse relato descreve perfeitamente o que ocorre no momento da morte.
No budismo, a palavra "morte" significa "o que vai nascer". Porque o que morre no mundo material, na verdade esta nascendo no mundo espiritual. Depois de passar para o mundo espiritual, onde vive durante um período que pode variar de alguns anos a dezenas, centenas ou mesmo milhares de anos, o ser humano renasce no mundo físico. Durante o curso de sua vida terrena, ou à medida que vai executando as suas tarefas, o homem acumula – de modo consciente ou inconsciente – impurezas e máculas em seu corpo espiritual. Quando as doenças ou a velhice deterioraram o seu corpo físico, impedindo-o de cumprir as suas tarefas, ele abandona o corpo e volta para o mundo espiritual.
Quando a alma ingressa no mundo espiritual, começa, geralmente, a ser purificada de suas máculas. Dependendo da quantidade de suas nuvens, ela viverá num plano mais alto ou mais baixo do mundo espiritual. A quantidade de máculas também irá determinar se o período de purificação será longo ou curto. Esse período pode variar de alguns poucos anos a centenas e milhares de anos. E quando o espírito está purificado até um certo grau, renasce por ordem de Deus.
Essa é a ordem normal, mas há exceções. Quando uma pessoa morre sentindo um forte apego a vida, muitas vezes reencarna antes de ter sido suficientemente purificada no mundo espiritual. Tais pessoas têm um destino infeliz, pois como ainda carregam muitas máculas e pecados de sua encarnação anterior, sofrem grandes purificações.
Há no mundo pessoas boas que são muito infelizes. Elas acumularam muitos pecados em suas vidas anteriores, mas no último momento de sua encarnação precedente, arrependeram-se e tomaram a firme decisão de nunca mais praticar o mal. Esse sentimento ficou gravado na alma, mas elas renasceram prematuramente, quando ainda não estavam suficientemente purificadas. Por isso, embora odeiem o mal e só pratiquem o bem, vivem em circunstâncias muito infelizes. Não obstante, após um período de infelicidade durante o qual dissipam pecados e máculas, elas podem tornar-se repentinamente felizes. Há muitos exemplos assim.
Há vários tipos de temores e fobias que as pessoas carregam consigo de uma vida para a outra. Há homens, por exemplo, que se orgulham de sua conduta irrepreensível, vangloriando-se de não conhecerem outra mulher além de sua esposa. Outros permanecem solteiros até o final de seus dias. Essas pessoas, na vida anterior, tiveram experiências muito desastrosas com mulheres e morreram receando o sexo oposto. E esse pensamento ficou gravado em sua alma.
Há pessoas que detestam ou temem certas aves, insetos ou animais, porque sua morte foi causada por eles. Outros têm medo da água, do fogo ou de lugares altos, porque morreram afogados, queimados ou em consequência de uma queda. Há indivíduos que temem aglomerações e evitam ir a lugares onde há muita gente reunida, porque morreram pisoteados em meio a uma multidão. Há outros que tem medo de ficarem sozinhos. Certa vez tratei de uma pessoa que tinha pavor de ficar sozinha em casa. Quando todos os membros de sua família saíam, ela sempre ficava esperando do lado de fora até que alguém voltasse. Essa pessoa, numa vida anterior, foi acometida de um mal agudo quando se encontrava sozinha e morreu antes que alguém pudesse acudir aos seus chamados. Esses exemplos nos mostram que devemos preparar o nosso espírito para poder passar ao mundo espiritual com tranquilidade, sem apegos ou temores.
Algumas pessoas nascem deformadas ou aleijadas porque morreram em consequência de fraturas nos braços ou nas pernas ao caírem de um lugar alto e renasceram antes de estarem completamente curadas. O renascimento prematuro pode ser causado não só pelo apego da própria pessoa, mas também pelo apego dos pais ou parentes. Quando uma mulher engravida logo após a morte de um bebe muito amado, este muitas vezes renasce prematuramente devido ao apego da mãe. Essas crianças, geralmente, não são felizes.
O ser humano já nasce sábio ou tolo. A razão está na diferença da idade espiritual, pois há almas velhas e almas novas. As almas velhas reencarnaram muitas vezes e adquiriram muita experiência no mundo material. As almas novas, ao contrário, nasceram no mundo espiritual numa época mais recente. Por isso carecem de experiência e são menos inteligentes. As almas novas nascem de um ato de procriação no mundo espiritual.
Quem já não passou pela experiência de sentir por uma pessoa a quem nunca havia visto antes, uma simpatia ou afinidade muito mais forte do que pelos próprios pais, filhos ou irmãos? É que essa pessoa já foi nossa parente próxima numa vida anterior, ou então com ela mantivemos relação muito íntima. Isto, no budismo, é chamado "Innen" (afinidade).
Há pessoas que durante uma viagem sentem tão intensa simpatia por uma determinada localidade, que ali gostariam de permanecer. São lugares em que viveram ou residiram durante muito tempo, numa existência anterior.
Quando entre um homem e uma mulher eclode uma paixão violenta que avança cegamente, é porque ambos se amaram profundamente numa vida anterior, mas não tiveram oportunidade de se unirem. Por isso, nesta vida, a relação assume a forma de uma paixão explosiva.
Também quando um indivíduo lê livros históricos e sente forte simpatia ou repulsa por certos episódios ou personagens, é porque viveu naquela época e teve alguma relação com os eventos descritos.

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BUDISTA: A visão budista sobre a morte

Nascemos porque temos uma missão.

Todos têm uma missão. É por essa razão que nascemos. É por isso que, independentemente do que aconteça, devemos prosseguir na vida superando tudo. A palavra japonesa que designa missão significa “uso da própria vida”. Para qual objetivo usamos nossa vida? Qual o objetivo de termos nascido neste mundo, enviados pelo universo?

Por que fomos enviados para cá?

O budismo considera o universo como uma gigantesca entidade. Se o compararmos ao vasto oceano, cada vida é como uma onda nesse oceano. A vida é quando as ondas se levantam na superfície do oceano, e quando ela volta é a morte. A vida e a morte são unas com o universo. No nascimento de uma única vida, há a aprovação e cooperação do universo inteiro.

Todas as vidas são igualmente preciosas. Não podemos aplicar uma hierarquia ao valor da vida, tornando uma mais valiosa que outra. Cada vida é única. A vida de cada pessoa é tão valiosa quanto o universo, é una com a vida do universo e tem a mesma importância. Nitiren Daishonin declara: “A vida é o maior de todos os tesouros.” (The Writings of Nichiren Daishonin, pág. 1125.) E diz ainda: “O Buda diz que a vida é algo que não pode ser comprado nem pelo preço de todo um sistema maior de mundos.” (Ibidem, pág. 983.) E “Um dia de vida é mais valioso que todos os tesouros do sistema maior de mundos.” (Ibidem, pág. 955.)

É por essa razão que não devemos tirar nossa própria vida. É por isso que não devemos recorrer à violência, que não devemos ferir nem agredir os outros. Ninguém tem o direito de prejudicar o precioso tesouro que é a vida.

Yumitani: Um estudante escreveu que quando foi vítima de agressões questionava por que havia nascido neste mundo doloroso, e por quê, acima de tudo, havia nascido.

Pres. Ikeda: “Por que nascemos?” — a juventude é a época de buscar a resposta dessa questão. A juventude é nosso “segundo nascimento”. O primeiro nascimento é o físico, mas é durante a juventude que realmente nascemos como pessoa. Por isso é um período tão difícil na vida e temos de sofrer tanto. É uma luta, tal como a do passarinho tentando romper a casca do ovo.

A questão crucial é jamais desistir. Enquanto lutam para encontrar seu caminho, por favor, orem, reflitam, estudem, conversem com seus amigos e dêem o máximo para o que é mais importante agora. Se desafiarem a si próprios sem se darem por vencidos, sua missão — aquela que somente vocês podem cumprir — será revelada sem falha.

Ueda: Sim. Se o passarinho desistir no meio do caminho, nunca conseguirá sair do ovo.

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BUDISTA:Os verdadeiros vitoriosos são os que perseveram até o fim

Pres. Ikeda: Espero que não se deixem derrotar por seus problemas e batalhas. As pessoas derrotadas pelos problemas não passam por um renovado crescimento ou “renascimento” como seres humanos e acabam vivendo apenas por instinto, como animais. E isso é uma morte espiritual.
Todos vocês conhecem Mikhail Gorbachev, ex-presidente da União Soviética e também meu amigo. Gorbachev é o responsável pelo fim da Guerra Fria. Ele é um verdadeiro herói que teve o bom senso de dizer: “Essa tolice não pode continuar!” Querendo encontrar uma forma de levar a felicidade a toda a humanidade, ele deu um passo decisivo para a mudança.
Como o líder supremo da União Soviética, ele era praticamente o todo-poderoso de sua terra natal. Ele poderia muito bem ter permanecido confortavelmente na fortaleza do poder. Mas escolheu um caminho diferente — um caminho perigoso e arriscado. Ele sofreu atentados, foi traído e perseguido. Mas, em meio a tudo isso, recusou-se a abandonar seu sonho de uma sociedade em que as pessoas estivessem em primeiro lugar.
Quando Gorbachev e sua falecida esposa Raisa visitaram o Colégio Soka de Kansai [em 20 de novembro de 1997], ela proferiu um discurso aos alunos. “Vocês passarão por todo tipo de sofrimento na vida”, disse Raisa. “Nem todos eles serão curados. Vocês tampouco conseguirão realizar todos os seus sonhos. Mas há algo que vocês podem alcançar. Há um sonho que podem tornar realidade.
“Portanto, a pessoa que triunfa no final é aquela que se levanta após cada queda e avança. A capacidade de continuar a lutar é uma questão de determinação. A morte não vem para a pessoa que está cansada, mas sim para aquela que parou de avançar.
“Vocês podem pensar que hoje ainda são jovens mas, antes que percebam, já terão alcançado a maturidade. Assim é a vida. Logo terão de assumir a responsabilidade por sua família, pela nação e por todo o planeta.
“Que seus sonhos se tornem realidade! Espero que ocorram coisas maravilhosas em sua vida! Que sejam todos felizes!”
Ueda: Que mensagem encorajadora!

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BUDISTA:Não desperdicem nem um único momento da vida

Pres. Ikeda: São indescritíveis os sofrimentos e dificuldades pelos quais o casal Gorbachev passou. “Mas nós sobrevivemos”, disse o casal. “Nós vivemos e lutamos.” Todos vocês estão vivendo agora. Como isso é incrível! Espero que não desperdicem esse maravilhoso tesouro.
Por falar na Rússia, contei anteriormente como o grande escritor russo Fiodor Dostoievski (1821–1881) escapou por pouco de ser executado por um pelotão de fuzilamento. Enquanto aguardava sua vez de ser chamado pelos executores, começou a pensar em como passaria seus últimos momentos. Ele sabia que dentro de cinco minutos seria preso a um poste e executado, e assim desapareceria deste mundo. Não queria desperdiçar esses cinco preciosos minutos, pois eram seu último tesouro. Precisava utilizá-los cuidadosamente. Ele dividiu o tempo restante em três partes. Usaria os primeiros dois minutos para despedir-se de seus amigos e entes queridos. Os dois minutos seguintes seriam dedicados a uma última reflexão sobre si próprio. E o último minuto usaria para dar uma última olhada ao seu redor.1
Ao mesmo tempo, decidiu que, se por alguma razão fosse poupado, transformaria cada minuto em uma era e jamais desperdiçaria um segundo sequer.
Yumitani: Que experiência intensa deve ter sido!

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BUDISTA: Aproveitem a vida ao máximo

Pres. Ikeda: Pensando nisso, mesmo sabendo que não vamos morrer nos próximos cinco minutos, todos nós, sem exceção, morreremos um dia. Podemos contar cem por cento com isso. Não existe nada mais certo.
Victor Hugo disse certa vez: “Todos nós temos uma sentença de morte, mas com um tipo de adiamento indefinido.”2 O ideal é vivermos cada minuto da vida de forma útil, como se fosse uma era. As pessoas que não têm um objetivo na vida chegam ao final dela com um sentimento de vazio, mas aquelas que vivem com plenitude e empenham-se corretamente até o fim terão uma morte tranqüila.
Leonardo da Vinci também disse: “Assim como um dia bem aproveitado faz com que tenhamos um sono feliz, uma vida bem vivida leva a uma morte feliz.”³ As pessoas conscientes do fato de que a morte pode chegar a qualquer momento vivem cada dia ao máximo. Em uma corrida, também é a linha de chegada que nos faz correr com toda nossa força.
Ueda: Enfrentar a realidade da morte dá sentido à vida.
Yumitani: Acho que se não morrêssemos nossa vida ficaria vazia e sem objetivo, assim como não estudamos a menos que saibamos que haverá um exame!
Pres. Ikeda: É verdade. Uma vida sem morte poderia ser uma ótima idéia, mas também significaria que adiaríamos as coisas, pensando que, mesmo que não nos preocupássemos no momento, poderíamos dar conta de tudo dentro de dez ou vinte anos. De fato, provavelmente nunca faríamos nada. Todos nós nos tornaríamos totalmente decadentes e preguiçosos.
Yumitani: Imagino que seja isso o que acontece com as pessoas que passam a vida à toa, sem nunca considerar com seriedade a realidade da morte.
Pres. Ikeda: Diante da morte, aspectos como riqueza, posição social, honras e qualificações acadêmicas não têm nenhum significado. Nesse momento, tudo se decide de acordo com sua própria vida, destituída de todos os ornamentos externos. Vocês se sentem realizados? Ou sua vida é vazia, fraca e sem energia? É por essa razão que necessitamos da fé para forjar nossa vida e desenvolvê-la.
Ueda: Nunca sabemos quando a morte virá. Portanto, não podemos nos permitir desperdiçar um momento sequer.
Pres. Ikeda: Não, não podemos. Eu adotei um lema diário: “O dia de hoje equivale a uma semana!” Ainda não vivi cem anos, mas tenho me empenhado para criar várias centenas de anos de valor.

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BUDISTA: SENSO DE MISSÃO NA VIDA E A MORTE

Sem arrependimentos

Yumitani: Se vivermos cada dia com seriedade e plenitude, não teremos nenhum arrependimento.
Pres. Ikeda: Trata-se de ter senso de missão. Não existe nada mais forte. José Rizal, o herói da independência filipina, deu a vida por essa missão. Ele foi executado por um pelotão de fuzilamento, mas em sua última carta escreveu: “Não me arrependo do que fiz, e se tivesse de começar novamente, faria o mesmo, porque esse era meu dever.”4
Ueda: Seria maravilhoso se todos nós pudéssemos chegar ao fim da vida sentindo que, se pudéssemos viver novamente, seguiríamos pelo mesmo caminho.
Pres. Ikeda: Para viver dessa forma, é necessário uma firme concepção da vida e da morte. O que acontece quando morremos? O que acontece com nossa vida? Na próxima vez, vamos analisar as respostas que o budismo dá para essas questões.
Yumitani: Num certo momento da vida, todos se perguntam por que nasceram, por que morrerão e o que acontecerá após a morte.
Um de nossos membros da Divisão dos Estudantes Colegiais disse que a morte de seu tio realmente fez com que ele pensasse nisso. Ao ver o corpo de seu tio sem vida, ele achou que se parecia com um boneco de cera e não pôde deixar de pensar no significado da morte.
Ueda: Outro estudante escreveu o seguinte: “Quando tenho muitos problemas e passo por uma situação muito difícil, fico me perguntando por que estou vivo — qual o sentido disso tudo. Sinto-me tão só algumas vezes e isso me deixa triste e sem esperanças na vida.”
E um outro disse: “Quando meu avô faleceu, pensei na vida e na morte. Fiquei imaginando como é que as pessoas morrem assim tão facilmente. Também me arrependi por não ter feito mais por meu avô quando ele estava vivo.A questão da vida e da morte é a raiz. Todos os demais problemas são as folhas e ramos
Pres. Ikeda: É algo extremamente valioso ponderar dessa forma sobre a questão da vida e da morte. Isso é uma prova de nossa humanidade.
Em geral, quando as pessoas vão envelhecendo e acabam presas pela rotina da vida diária, tendem a parar gradativamente de considerar sobre as questões fundamentais. Mas a questão da vida e da morte é muito importante. Devemos considerar profundamente sobre ela durante toda nossa vida.
Se comparássemos nossa existência a uma árvore, a questão da vida e da morte seria como suas raízes. Embora tenhamos toda uma variedade de problemas e questões para lidar na vida, eles nada mais são que os ramos e as folhas, todos ligados à raiz da questão fundamental da vida e da morte.
Yumitani: Algumas pessoas pensam assim: “Ainda sou jovem. Não tenho necessidade de pensar nisso. Posso esperar até que fique mais velho e esteja à beira da morte.”
Pres. Ikeda: Bem, talvez possamos analisar isso da seguinte forma. Vamos imaginar a caloura de um curso. Ela faz planos e lança objetivos para seu primeiro ano no colegial. Mas não conseguirá nada de significativo enquanto não definir quais serão seus planos para todo o período do colegial.
Yumitani: Isso faz sentido.
Pres. Ikeda: Assim, ela tenta fazer planos para todo o período do colegial. Mas então percebe que se não pensar no que vai fazer depois de se formar, também não poderá planejar os anos do colegial de forma sábia.
Ueda: Sim, mas a menos que tenha no mínimo uma vaga idéia do que quer fazer quando deixar a escola — seja encontrar um emprego ou ir para a faculdade — realmente não se consegue passar a época do colegial da melhor forma possível.
Pres. Ikeda: Da mesma maneira, não se pode contemplar de forma significativa como passar a vida se não souberem o que acontecerá com vocês após a “formatura” — em outras palavras, após a morte.
Yumitani: Sim, compreendo o que o senhor quer dizer.

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BUDISTA:Jovens filósofos, ponderem sobre a questão da vida e da morte!

Pres. Ikeda: Por essa razão é tão importante que vocês sejam jovens filósofos e que ponderem profundamente sobre essa questão da vida e da morte enquanto estão na juventude.
Se as pessoas se deixarem levar pela crença de que não existe vida após a morte, sucumbirão facilmente à visão de que podem fazer o que quiserem e então, quando encontrarem alguma dificuldade, simplesmente poderão dar um fim a sua vida e acabar com tudo.
Yumitani: Sim, hipoteticamente isso é possível.
Ueda: Concordo. Voltando ao exemplo do colegial, tenho certeza de que se nada houvesse após a formatura, muitos estudantes achariam desnecessário estudar tanto.
Yumitani: Bem, as pessoas que crêem que não existe nada após a morte poderiam ainda empenhar algum esforço para viverem de forma agradável, mas provavelmente não se esforçariam tanto para tentar se aperfeiçoar ou para servir aos outros.
Pres. Ikeda: É claro que ninguém que acredite que a morte é o fim vive de forma irresponsável e em absoluto abandono.
Não somente existem restrições sociais contra isso como também, bem lá no fundo do coração, os seres humanos sabem intuitivamente que a vida é eterna e que há uma maneira correta de vivê-la.
Yumitani: Há também algumas pessoas que dizem que exatamente pelo fato de esta ser nossa única existência — como não há vida após a morte — temos de fazer o melhor no presente. Mas nem todos pensam dessa forma.
Pres. Ikeda: Está se tornando predominante no mundo de hoje a visão materialista de que não há vida após a morte. Creio que seja essa a razão de a ética e a moralidade terem se degenerado em mera ambição. No grande romance Os Irmãos Karamazov, de Dostoievski, a personagem Ivan faz o seguinte comentário: “Supondo que não houvesse nenhum Deus, o que seria então considerado como crime? Todas as coisas seriam lícitas?” Se substituíssemos a palavra “Deus” por “vida após a morte”, poderíamos aplicar a mesma questão. Teríamos um mundo onde poderíamos fazer o que quiséssemos até que alguém nos impedisse.
Yumitani: De fato, parece que é essa a maneira como o mundo está sendo conduzido.

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BUDISTA: A MORTE É REALMANTE O FIM?

Pessoas que buscam pelo significado da vida

Ueda: Algumas pessoas fazem a seguinte questão: “A morte é realmente o fim? Caso assim seja, isso significa então que tudo na vida é vazio e sem significado?”
Pres. Ikeda: Somos seres que buscam um significado na vida. Enquanto tivermos um sentido para viver, poderemos suportar qualquer sofrimento. Mas, sem um propósito na vida, podemos ter tudo que quisermos e ainda assim sentirmo-nos completamente vazios, como se nosso espírito perecesse.
Assim como têm de adotar uma perspectiva mais ampla de todo seu período no colegial e dar um significado ao primeiro ano letivo, têm de adotar também uma visão mais ampla para enxergar o propósito de sua vida, ou seja, visualizar esta existência e o que acontece após a morte. Sem isso, não conseguirão valorizar a própria vida. Por essa razão é tão importante a compreensão da vida e da morte.


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BUDISTA:A vida do universo é um grande oceano e as ondas representam nossa vida

Yumitani: O budismo ensina que a vida é eterna. Da última vez, o senhor descreveu o universo como uma grande entidade viva, como um vasto oceano, e cada vida como uma onda desse oceano.
Ueda: A vida pode ser associada ao momento em que as ondas se levantam na superfície do oceano. E quando fundem-se com o oceano, temos a morte.
Yumitani: Ainda não entendi muito bem o que significa exatamente “fundir-se”.
Pres. Ikeda: O Sr. Toda disse certa vez que se jogarem um pouco de tinta em um lago, ela será dissolvida e desaparecerá. Assim é a morte. Posteriormente, se utilizarem algum aparelho para recolherem os componentes da tinta dissolvida e juntá-los novamente, isso significaria a vida, disse ele.
Yumitani: Apesar de a vida da pessoa fundir-se com a vida do universo, sua identidade não desaparece.
Pres. Ikeda: Essa vida não cessa sua existência. Quando encontrar as condições ideais, vai se manifestar novamente. Mas se perguntarem se essa vida existe como algo tangível, a resposta é absolutamente não. Não podemos localizá-la em algum lugar do universo, pois ela se torna una com todo o universo. Isso não significa existência nem não-existência. O budismo refere-se a isso como o estado de não-substancialidade (kuu).
Vamos usar uma metáfora. Atualmente, um número infinito de ondas de rádio cruzam o globo. Exatamente aqui há agora ondas de rádio de todas as freqüências — de transmissões de rádio e de televisão, entre outras — espalhadas ao nosso redor. Algumas delas são do Japão e outras, dos demais países. Apesar de dizermos que essas ondas existem, não podemos vê-las nem ouvi-las. Não podemos cheirá-las nem tocá-las. Mas se tivermos um aparelho de rádio ou TV ou algum outro receptor apropriado, e o sintonizarmos na freqüência correta, conseguiremos ouvir os sons e ver as imagens que essas ondas produzem.
Yumitani: Um televisor torna-se assim a condição necessária para fazer com que uma onda invisível passe a ser visível na forma de imagens de vídeo.
Pres. Ikeda: Talvez poderíamos chamar isso de transição da morte para a vida pela qual a onda passa. É claro que isso é apenas uma metáfora. Mas, de uma forma muito similar, no momento da morte a vida funde-se com o universo. Essas vidas não se chocam umas com as outras e também não ficam sobre as costas dos outros nem se dão as mãos! Cada vida funde-se com o universo, embora mantenha sua individualidade.

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BUDISTA:Os aspectos físico e espiritual da vida são um só

Ueda: Será que essa individualidade difere do conceito de uma alma ou um espírito separado do corpo físico?
Pres. Ikeda: Difere completamente. O budismo ensina que algo assim como um espírito substancial e separado do corpo não existe. Em todas as formas de vida, a mente e o corpo — os aspectos espiritual e físico — são um só. Tanto na vida como na morte, as energias física e espiritual de uma entidade não podem ser separadas. Elas são unas e indivisíveis.
Acreditar que o espírito pode se separar do corpo e ficar flutuando por aí é pura superstição. A vida — na qual os aspectos físico e espiritual são sempre unos — funde-se com a grandiosa vida do universo, embora preserve sua individualidade.
Yumitani: Ao morrermos, o cérebro é destruído. Então, como ainda podemos ter alguma energia espiritual? Creio que a razão pela qual muitas pessoas acreditem atualmente que não há nada após a morte deve-se ao fato de sua crença em que o espírito reside no cérebro e assim não pode continuar a existir após as células cerebrais terem morrido.
Pres. Ikeda: Esse é um ponto importante. Já detalhei essa questão em outras ocasiões, e espero que vocês estudem esses diálogos e escritos, mas a questão principal é que o cérebro é o local ou o veículo físico para as atividades mentais ou espirituais; não é a própria mente ou o próprio espírito. É essa a maneira como o encaramos.
Por exemplo, o grande filósofo francês Henri-Louis Bergson (1859–1941) comparou a relação entre nosso cérebro e nossa consciência a um cabideiro e às roupas penduradas nele. Se o cabideiro desaparece — ou seja, se o cérebro morre — as roupas caem ao chão. Em outras palavras, a atividade mental torna-se impossível. Mas o cabideiro não representa as roupas.
Ueda: Por falar em Bergson, sei que na primeira vez em que o senhor foi convidado para uma reunião de palestra da Soka Gakkai, quando estava com dezenove anos, e lhe disseram que seria um encontro em que as pessoas falariam sobre a “filosofia da vida”, o senhor perguntou se “estavam se referindo a Bergson”.
Pres. Ikeda: Sim, é verdade. Bergson viveu há aproximadamente cem anos, e sem dúvida essa é a razão pela qual ele usou a metáfora das roupas e do cabideiro. Hoje em dia, é melhor usar o exemplo de imagens televisionadas e do aparelho de som e de TV ou do monitor necessário para transmiti-los.
Nesse contexto, a memória e outras atividades mentais são como as imagens e o som. Eles não aparecem sem um televisor, que pode ser comparado ao cérebro. E o simples fato de seu maior ídolo aparecer na televisão não significa que vocês encontrarão uma foto dele lá dentro se desmontarem seu aparelho de TV. Da mesma forma, quando o cérebro morre, a energia mental perde seu veículo de manifestação, no entanto, isso não significa que essa energia tenha deixado de existir. Tampouco a energia física deixa de existir quando o corpo morre. Ela perde o veículo pelo qual realiza suas atividades e torna-se latente.
Yumitani: E na próxima vez em que renascermos, essa energia latente será ativada novamente, não é mesmo?
Pres. Ikeda: Sim, a energia latente se manifesta e entra em atividade mais uma vez quando se inicia uma nova fase da vida. No entanto, rigorosamente falando, nossa vida não “renasce”. Ela existe continuamente. A identidade de nossa vida não muda.
Nossa vida — cujo corpo e espírito são um só — continua imutável. A essência da vida não é algo cujo espírito deixa o corpo e flutua pelo céu ou algo parecido.

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BUDISTA: Os fantasmas

Ueda: Há pessoas que dizem terem visto um fantasma, ou que ouviram a voz de sua avó falecida. Essas experiências são apenas sonhos ou ilusões?
Pres. Ikeda: Não, essas experiências podem ser reais. Mas a pessoa não está vendo um fantasma. Pode ser que as ondas de uma pessoa que está no estado de morte se sobreponham, por alguma razão, às ondas da que está viva, e a pessoa viva percebe algo como uma visão ou a voz de uma pessoa já falecida. A vida é cheia de mistérios. Poderíamos comparar isso a uma linha cruzada no telefone.
Yumitani: Sim, isso às vezes acontece comigo quando uso o telefone celular.
Pres. Ikeda: O Sr. Toda costumava dizer que ver fantasmas ou ouvir vozes acontece quando a energia vital da pessoa está fraca. Se estão fracos, são sobrecarregados por outros sinais e acabam atuando como se fossem um receptor de rádio ou TV para esses sinais. É por essa razão que são os únicos a ouvir ou ver essas coisas.
Se sua energia vital estiver forte, isso não acontecerá. De fato, se recitarem Daimoku conseguirão enviar as ondas do estado de Buda para essas pessoas e ajudá-las a encontrar a paz.
Yumitani: Então há vidas que não se fundem tranqüilamente com a vida do universo?
Pres. Ikeda: Sim. Algumas se fundem com a vida universal sofrendo as dores mais medonhas. Outras ficam aterrorizadas, como se estivessem sendo perseguidas por um monstro horrível. E outras não têm repouso, como se estivessem tendo pesadelos.

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BUDISTA:Transformando nossa tendência básica da vida

Ueda: O que o senhor quer dizer com “tendência básica da vida”?
Pres. Ikeda: É a natureza essencial ou a tendência de vida para a qual vocês sempre retornam.
Estamos todos os dias sujeitos a muitas causas e condições externas que estimulam em nós várias emoções e efeitos. Nós ficamos zangados, rimos, pensamos, e nossa vida está sempre num estado de constante mudança. No entanto, cada pessoa tem sua própria tendência básica. Por exemplo, há pessoas que são fundamentalmente iradas por natureza e são sempre rápidas em perder a compostura, e há outras cuja força vital é fraca e ficam facilmente deprimidas, e pessoas que vivem no estado de Bodhisattva e sempre pensam nos outros em primeiro lugar. Nossa tendência básica de vida é o que determina em qual dos Dez Mundos nossa vida ficará após a morte.
Yumitani: Isso é um tanto assustador!
Pres. Ikeda: Após o falecimento, as condições e causas externas não são as mesmas de quando a pessoa estava viva, e assim sua tendência de vida torna-se todo seu ser. Em vida, mesmo uma pessoa cujo estado básico é o de Inferno, que está sempre sofrendo e cuja própria vida é dolorosa, pode experimentar momentos de alegria e prazer. Mas, após a morte, essa pessoa permanecerá somente no estado de Inferno.
Ueda: Isso é com certeza uma grande motivação para realizarmos nossa revolução humana enquanto ainda estamos vivos!

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BUDISTA: O dinheiro e a fama não nos ajudam no momento da morte

 Pres. Ikeda: A tendência básica da vida de uma pessoa torna-se claramente visível no momento da morte. Uma enfermeira veterana que cuidou de muitos doentes terminais e esteve com muitos deles em seus momentos finais, disse: “Parece que em seus últimos momentos toda sua vida passa em flashes diante de seus olhos, como se fosse um filme. Não o fato de terem se tornado presidentes de uma companhia ou de terem sido bem-sucedidos nos negócios ou coisas desse tipo, mas sim o tipo de vida que levaram. As pessoas a quem amaram e a quem trataram com carinho, e de que forma. Como foram insensíveis ou cruéis. O sentimento de satisfação por terem vivido de acordo com suas crenças ou uma dor profunda por terem-nos traído. Tudo o que foram como seres humanos passa diante de seus olhos. Assim é a morte.”
Yumitani: Ouvir isso realmente faz a pessoa parar para pensar.
Pres. Ikeda: Nesse momento, nem a fama nem o dinheiro, o conhecimento e tampouco a posição social poderão ajudá-los. Seus amigos e familiares não poderão ajudá-los. Vocês terão de enfrentar sozinhos sua própria verdade. A morte é realmente rigorosa e inflexível.
E o eu existente nesse momento do falecimento é o que permanecerá durante todo o estado de morte e continuará na próxima existência. É por essa razão que o budismo ensina que devemos atingir o estado de Buda enquanto estamos vivos. Devemos fazer o máximo para cultivar e enriquecer nossa vida como seres humanos. Esse é o objetivo de nossa prática budista. Nada é mais importante na vida que realizar nossa revolução humana. E quanto mais jovens forem, mais fácil será conquistá-la.
Escrito por Daisaku Ikeda (Material cedido por Adriano Brito)   

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O Espiritismo


Sociedade de Educação Espírita Joanna de Ângelis

CIÊNCIA, FILOSOFIA E RELIGIÃO
Hippolyte Léon Denizard Rivail (Allan Kardec)

Origem

O Espiritismo Kardecista segue as teorias formuladas por Allan Kardec.
Allan Kardec , pseudônimo de Léon-Hippolithe-Denizart Rivail, nasceu em Lyon a 3 de outubro de 1804 e morreu, em Paris, em 1869. De família católica, foi educado em país de religião protestante, onde sofreu intolerâncias religiosas que o motivaram a pensar, desde cedo, numa alternativa que visava à unificação das crenças. Estudou em Iverdum, Suíça, e foi professor de química, matemática, astronomia, fisiologia, física, retórica e anatomia comparada.
Em 1850, ele começou a se dedicar a estudos mais profundos de fenômenos, que começaram a chamar a atenção , a partir de 1848, nos Estados Unidos. Essas primeiras manifestações espíritas consistiam em ruídos, batidas e movimentos de objetos sem causa conhecida, que ocorriam com freqüência. Uma vez controladas, percebeu-se que se tratava de fenômenos inteligentes.
Os resultados dessas observações foram recolhidos nas seguintes obras: O Livro dos Espíritos, publicado em Paris, em 1857, e que tornou o texto base do movimento espírita Kardecista, em seu aspecto filosófico; O Livro dos Médiuns, publicado em 1861, para a parte experimental e científica; O Evangelho Segundo o Espiritismo, publicado em 1864 para a parte moral; O Céu e o Inferno, publicado em 1865 que trata da justiça de Deus segundo o Espiritismo; A Gênese, os Milagres e as Predições, publicado em 1868, que trata do princípio do mundo.
A partir do Livro dos Espíritos, funda-se o Espiritismo, que até então se constituía apenas de elementos esparsos, sem coordenação, e cujo alcance não havia sido compreendido suficientemente.

Definições

Espiritismo ou Espiritualismo?

Espiritismo e espiritualismo são duas definições que não se confundem. Todas as religiões são espiritualistas, uma vez que acreditam na existência de algo além da matéria. Porém, o espiritualismo não implica necessariamente na crença nos espíritos e nas suas manifestações. A aceitação , compreensão e estudo metódico destes fenômenos é o Espiritismo.

ESPIRITISMO: Filosofia, Ciência ou Religião?

O Espiritismo é, ao mesmo tempo, ciência experimental e doutrina filosófica de conseqüência religiosa. Como ciência prática, tem a sua essência nas relações que se podem estabelecer com os espíritos; como filosofia e religião compreende todas as conseqüências morais decorrentes dessas relações.

Os Elementos Gerais do Universo

A MATÉRIA é o corpo palpável que retém o espírito. O espírito utiliza a matéria para agir e é sobre a própria matéria que recai a sua ação.
O ESPÍRITO é "o princípio inteligente do universo", independente da matéria. Não é de natureza palpável e a inteligência é o seu atributo essencial. Apenas a união da matéria e do espírito concede "inteligência" a matéria. Pode também ser chamado de Alma , quando utilizando a matéria.
O FLUÍDO UNIVERSAL é o intermediário entre o espírito e a matéria , possibilitando a união dos dois. Sem esse fluído, o espírito não exerceria seus efeitos sobre a matéria, condenando-a a um permanente estado de inércia. Podemos chamar esse envoltório fluídico de perispírito. É através deste corpo etéreo que os espíritos conseguem produzir fenômenos e chamar a atenção dos encarnados.
A TRINDADE UNIVERSAL é o princípio de tudo o que existe. É formada pela matéria, pelo espírito e, acima de tudo, por Deus, criador de todas as coisas. "Deus é eterno, é imutável, é imaterial, é único, é Todo-Poderoso e é soberanamente justo e bom".
O ESPAÇO UNIVERSAL é infinito, não existe o vazio pois há sempre ocupação, mesmo que seja por matéria desconhecida aos nossos sentidos.

A vida e a Morte

A morte , para os espíritas, é a exaustão dos órgãos, da matéria. É necessária porque com a morte a matéria se decompõe, sendo possível formar novos seres.
A vida é a matéria, animada pelo princípio vital que tem como fonte o fluído universal. É ele que dá atividade à matéria inerte.
A quantidade deste fluído segundo as espécies e não é sempre igual em um mesmo indivíduo. Essas diferenças permitem um intercâmbio deste fluído entre os seres humanos, possibilitando, em casos especiais, o impedimento da morte de uma pessoa.
Ao romperem-se os laços, a morte da matéria permite ao espírito recuperar a sua liberdade e sua identidade, conservada pelo perispírito, seu corpo etéreo.

Os Médiuns

Médiuns são todos que sentem , de alguma maneira , a presença dos espíritos, independente da intensidade e da diversidade dessas manifestações. Segundo a doutrina, essa faculdade é inerente ao ser humano e não constitui
privilégio de ninguém, pois todas as pessoas possuem mediunidade mesmo que em "estado rudimentar". Os médiuns mais desenvolvidos acabam se sobressaindo e recebem a denominação com mais freqüência, dando a falsa impressão de que são a minoria.
Os médiuns tem, na sua maioria, faculdades especiais de captação das manifestações espirituais, fazendo que eles se tornem diferentes entre si ao se expressarem. As principais variedades dessas manifestações estão relacionadas a seguir:
Médiuns de efeitos físicos: produzem fenômenos materiais como movimentação de objetos, ruídos, batidas, etc.
Médiuns sensitivos ou impressionáveis: são capazes de sentir a presença dos espíritos através de arrepios ou de uma impressão da sua presença. Ao desenvolverem essa sensibilidade, podem até identificar se o espírito é bom ou ruim.
Médiuns audientes: são capazes de ouvir as vozes dos espíritos e de conversarem com eles. A boa conversa depende de uma presença boa; um "mau" espírito pode trazer transtornos ao seu ouvinte.
Médiuns videntes: possuem a faculdade de ver os espíritos. Raramente esse tipo de mediunidade se manifesta por um longo período. Essa visão não é propiciada pelos olhos, e sim pela alma, o que torna possível a alguns cegos desenvolverem esta sensibilidade.
Médiuns sonâmbulos: são dois tipos de sonâmbulos: os sonâmbulos propriamente ditos, que antecipam seu estado de espírito ignorando a matéria, e os médiuns que servem de instrumentos, nos quais as vontades manifestadas não são as vontades dos seus próprios espíritos.
Médiuns curadores: são capazes de curar com um simples toque, uma prece, um olhar e sem qualquer medicação. É uma faculdade espontânea, não havendo necessidade do médium estar preparado por estudos de medicina ou formas de magnetização.
Médiuns pneumatógrafos: são aqueles que recebem diretamente dos espíritos mensagens por escrito. Essas mensagens podem ser frases completas, desenhos ou alguns poucos traços. Para o médium pneumatógrafo, o lápis é dispensável, o que o difere do médium escrevente. É uma mediunidade muito rara que requer oração e concentração.
Médiuns escreventes: são aqueles que recebem mensagens por escrito. A psicografia, mais comum, fornece uma vasta literatura e possibilita uma comunicação, entre os encarnados e os desencarnados, essencial ao estudo e formação espírita.

A Classificação dos Espíritos

TERCEIRA ORDEM - Espíritos Imperfeitos

Características gerais: Predominância da matéria sobre o espírito. Propensão ao mal, ignorância, orgulho, egoísmo e todas as más paixões que lhes são conseqüentes. Tem a intuição de Deus, mas não o compreendem. Não são essencialmente maus. Em alguns há mais inconseqüência e malícia, do que maldade. Uns não fazem o bem, nem o mal, e por não fazerem o bem demonstram sua inferioridade. Outros, procuram a maldade, aliam sua malícia à inteligência e qualquer que seja seu desenvolvimento intelectual, suas idéias são pouco elevadas e seus sentimentos mais ou menos inferiores. Só podem nos dar impressões falsas e incompletas, pois o pouco que sabem se confunde com as idéias e os preconceitos da vida corpórea. O seu caráter se revela pela linguagem. Observam a felicidade dos bons e isso, para eles, é um tormento incessante, porque experimentam todas as angústias que a inveja e o ciúme podem produzir. Pode-se dividi-los em cinco classes especiais:

1. Décima Classe - Espíritos Impuros

São inclinados ao mal. Como espíritos, dão conselhos desleais, fomentam a discórdia, a desconfiança e se mascaram de todas as formas para melhor enganar. Ligam-se aos homens de caráter bastante fraco para cederem às suas sugestões, a fim de prejudicá-los, satisfeitos em poderem retardar o seu progresso e fazê-los sucumbir nas provas por que passam. Quando encarnados, são inclinados a todos os vícios das más paixões.

2. Nona Classe - Espíritos Levianos

São ignorantes, maliciosos, inconseqüentes e zombeteiros. Envolvem-se em tudo, respondem a tudo, sem se preocuparem com a verdade. Sentem prazer em causar pequenos desgostos e pequenas alegrias, atormentando, induzindo maliciosamente ao erro por meio de mistificações e travessuras. Nas comunicações com os homens , sua linguagem é algumas vezes espiritual e engraçada, mas , quase sempre, sem conteúdo. Compreendem os defeitos e o ridículo humanos, exprimindo-os em tiradas mordazes e satíricas. Se usam nomes supostos, é mais por malícia do que maldade.

3. Oitava Classe - Espíritos Pseudo-Sábios

Seus conhecimentos são bastante amplos, mas crêem saber mais do que realmente sabem. Sua linguagem tem um caráter sério que pode iludir sobre suas capacidades e sua iluminação interior. Em geral, porém, isso não passa de um reflexo dos preconceitos e idéias sistemáticas da vida terrena. É uma mistura de algumas verdades ao lado dos erros mais absurdos, nos quais se percebe a presunção, o orgulho, a inveja e a obstinação das quais puderam se desvincular.

4. Sétima Classe - Espíritos Neutros

Não são muitos bons para fazerem o bem, nem tão maus para fazerem o mal, inclinando-se tanto para um como para o outro. Apegam-se às coisas do mundo, cujas alegrias grosseiras não têm mais.

5. Sexta Classe - Espíritos Batedores e Perturbadores

Esses espíritos não formam, propriamente falando, uma classe distinta, podendo pertencer a todas as classes da terceira ordem. Eles manifestam, freqüentemente, a sua presença por meio de efeitos sensíveis e físicos, tais como pancadas, o movimento e o deslocamento anormal dos corpos sólidos, agitação do ar, da água e do fogo. Reconhece-se que estes fenômenos não são devidos a uma causa fortuita ou física, quando tem um caráter intencional e inteligente.

SEGUNDA ORDEM - BONS ESPÍRITOS

Características gerais: Predominância do espírito sobre a matéria e desejo de fazer o bem. Suas qualidades e seu poder de fazer o bem estão relacionados com o adiantamento que atingiram: uns têm a ciência, outros a sabedoria e a bondade. Não estando ainda completamente desmaterializados, conservam, mais ou menos, segundo sua categoria, os traços da existência corpórea, seja na forma de linguagem, seja nos seus hábitos onde se descobrem mesmo algumas de suas manias; de outro modo, seriam Espíritos perfeitos. Compreendem Deus e o infinito e já desfrutam da felicidade dos bons; sentem-se felizes quando fazem o bem e quando impedem o mal. Todavia, todos ainda têm provas a suportar, até que alcancem a perfeição. Como suscitam bons pensamentos e desviam os homens do caminho do mal, neutralizam a influência dos Espíritos imperfeitos. A esta ordem pertencem os Espíritos designados pelas crenças vulgares sob o nome de gênios bons, gênios protetores e Espíritos do bem. Nos tempos de superstições e ignorância, foram considerados divindades benfazejas. Pode-se dividi-los em quatro classes principais:

1. Quinta Classe - Espíritos Benevolentes

Sua qualidade dominante é a bondade. Alegram-se em prestar serviço aos homens e protegê-los, mas seu saber é limitado. Seu progresso é mais efetivo no sentido moral do que no sentido intelectual.

2. Quarta Classe - Espíritos Sábios

São os que se destinguem, principalmente, pela extensão dos seus conhecimentos. Preocupam-se menos com as questões morais do que com as científicas, para as quais têm mais aptidão. Não consideram a Ciência senão pelo ponto de vista de sua utilidade, e não a misturam com nenhuma das paixões que são próprias dos Espíritos imperfeitos.

3. Terceira Classe - Espíritos da Sabedoria

Caracterizam-se pelas qualidades morais de natureza mais elevada. Sem possuírem conhecimentos ilimitados, são dotados de uma capacidade intelectual que lhes possibilita um julgamento sadio sobre os homens.

4. Segunda Classe - Espíritos Superiores

Reúnem a ciência, a sabedoria e a bondade. Sua linguagem, que só transpira benevolência, é sempre digna, elevada e freqüentemente sublime. Sua superioridade os torna, mais que os outros, aptos a nos proporcionar as mais justas noções sobre as coisas do mundo incorpóreo, dentro dos limites do que nos é dado a conhecer. Comunicam-se voluntariamente com os que procuram de boa fé a verdade, e cujas almas estejam bastante libertas dos laços terrenos para o compreender; mas afastam-se dos que são movidos apenas pela curiosidade, ou que , pela influência da matéria, desviam-se da prática do bem. Quando por exceção, se encarnam na Terra, é para cumprir uma missão de progresso, e então nos oferecem o tipo de perfeição a que a humanidade pode aspirar neste mundo.

PRIMEIRA ORDEM- ESPÍRITOS PUROS

Características gerais: Não sofrem influência da matéria. Superioridade intelectual e moral absoluta em relação aos Espíritos das outras ordens.

1. Primeira Classe - Classe Única

Percorreram todos os graus da escala evolutiva e se despojaram de todas as impurezas da matéria. Havendo atingido a soma de perfeições de que é suscetível a criatura, não tem mais provas nem expiações a sofrer. "Não estando mais sujeitos à reencarnação em corpo perecíveis, vivem a vida eterna, que desfrutam no seio de Deus. Gozam de uma felicidade inalterável, porque não estão sujeitos nem às necessidades nem às vicissitudes da vida material, mas essa felicidade não é a de uma ociosidade monótona, vivida em contemplação perpétua. São os mensageiros e os ministros de Deus , cujas ordens executam, para a manutenção da harmonia universal. Dirigem a todos os Espíritos que lhes são inferiores, ajudam-nos a se aperfeiçoarem e determinam as suas missões. Assistir os homens nas suas angústias, incitá-los ao bem ou à expiação de faltas que os distanciam da felicidade suprema, é para eles uma ocupação agradável. São as vezes designados pelos nomes de anjos, arcanjos ou serafins. Os homens podem comunicar-se com eles, mas bem presunçoso seria o que pretendesse tê-los constantemente às suas ordens." (O Livro dos Espíritos)

Anjos e Demônios

Os anjos e os demônios estão presentes em todas as crenças, recebendo os mais diferentes nomes e causando os mais diferentes efeitos entre seus seguidores. Para o Espiritismo, trata-se de uma evolução espiritual. Nem os anjos nem os demônios são anteriores à humanidade, porque Deus criou todos os espíritos puros e bons e criou também uma lei de conduta voltada para o bem. Como os espíritos tem o direito de exercer o livre arbítrio, é a aproximação ou o distanciamento em relação às essas leis que determinam a condição da espiritualidade , popularmente denominada angelical ou demoníaca. Essa condição não é permanente, pois o espírito tende sempre à evolução, com maior ou menor rapidez, porém constante, porque o efeito do aprendizado é cumulativo e tem como alvo a perfeição. Essa evolução segue a escala espírita de classificação dos espíritos, na qual os espíritos imperfeitos, identificados popularmente por "demônios", estariam na terceira Ordem e os espíritos puros, ou "anjos" na Primeira Ordem.

Penas Futuras

O Espiritismo não se apoia numa teoria preconcebida para apresentar o seu "código penal da vida futura". As leis que compõem esse código não são frutos da imaginação e nem de imposições dogmáticas, mas sim, relatos de espíritos desencarnados, manifestados através de médiuns, em diferentes partes do planeta. Esses espíritos relataram suas aflições e alegrias decorrentes de suas vidas terrenas. Compiladas, essas manifestações geraram um "código penal da vida futura". Essas leis podem ser resumidas em:
  1. A Alma ou Espírito sofre na vida espiritual as conseqüências de todas as imperfeições de que não se libertou durante a vida corpórea. Seu estado feliz ou infeliz é inerente ao grau de sua depuração ou das suas imperfeições.
  2. A felicidade perfeita é inerente à perfeição, quer dizer a purificação do Espírito. Toda imperfeição é ao mesmo tempo uma causa de sofrimento e de privação de ventura, da mesma maneira que toda qualidade adquirida é uma causa de ventura e de atenuação dos sofrimentos.
  3. Não há uma só imperfeição da alma que não acarrete conseqüências desagradáveis, inevitáveis, e não há uma só qualidade boa que não seja fonte de ventura. A soma das penas é assim proporcional à soma das imperfeições, como a dos gozos é proporcional à soma das boas qualidades.
  4. Em virtude da lei de progresso, tendo cada alma a possibilidade de conquistar o bem que lhe falta e libertar-se do que possui de mal, segundo os seus esforços e a sua vontade, resulta que o futuro está aberto para qualquer criatura. Deus não repudia nenhum dos seus filhos. Ele os recebe em seu seio à medida que eles atingem a perfeição, ficando assim a cada um o mérito das suas obras.
  5. O sofrimento sendo inerente à imperfeição, como a felicidade é inerente à perfeição, a alma leva em si mesma o seu próprio castigo onde quer que se encontre. Não há pois , necessidade de um lugar circunscrito para ela. O inferno está assim por toda a parte, onde quer que existam almas sofredoras, como o céu esta por toda a parte, onde quer que as almas estejam felizes.
  6. O bem e o mal que praticamos são resultados das boas e das más qualidades que possuímos. Não fazer o bem que se pode fazer é uma prova de imperfeição. Se toda imperfeição é fonte de sofrimento, o Espírito deve sofrer não só por todo o mal que tenha feito, mas também por todo bem que podia fazer e que não fez durante a sua vida terrena.
  7. O Espírito sofre segundo o que fez sofrer, de maneira que sua atenção estando incessantemente voltada para as conseqüências desse mal, ele compreende melhor os inconvenientes, do seu procedimento e é levado a se corrigir.
  8. A justiça de Deus sendo infinita, todo o mal e todo o bem são rigorosamente levados em conta. Se não há uma única ação má , um só pensamento que não tenha conseqüências fatais, também não há uma única ação boa, um só bom movimento da alma, numa palavra, o mais ligeiro mérito que fique perdido. E isso, mesmo entre os mais perversos, porque representam um começo de progresso.
  9. Toda falta que se comete, todo mal praticado é uma dívida contraída e que tem que ser paga. Se não for nesta existência, será na próxima ou nas seguintes, porque todas as existências são solidárias entre si. Aquilo que se paga na existência presente não será cobrado na seguinte.
  10. O Espírito sofre de acordo com as suas imperfeições, seja no mundo espiritual, seja no corporal. Todas as misérias, todas as dificuldades que ele enfrenta na vida corpórea são as conseqüências de suas próprias imperfeições, as expiações de faltas cometidas nesta mesma existência ou nas existências anteriores. Pela natureza dos sofrimentos e das dificuldades que ele enfrenta na vida corpórea, podemos julgar a natureza das faltas cometidas numa existência anterior e quais as imperfeições que as causaram.
  11. A expiação varia segundo a natureza e a gravidade da falta. A mesma falta pode assim provocar expiações diferentes, segundo as circunstâncias atenuantes ou agravantes nas quais ela foi cometida.
  12. Não há, no tocante à natureza e a duração do castigo, nenhuma regra absoluta e uniforme. A única lei geral é a que toda falta recebe uma punição e toda a boa ação tem a sua recompensa segundo o seu valor.
  13. A duração do castigo está subordinada ao melhoramento do Espírito culpado. Nenhuma condenação é pronunciada conta ele por tempo determinado. O que as leis que regem o universo exige para o fim dos sofrimentos é uma melhora verdadeira, efetiva com um retorno sincero ao bem. O Espírito é sempre o árbitro do seu próprio destino. Pode prolongar os seus sofrimentos pelo seu endurecimento no mal e abrandá-los e até mesmo abreviá-los pelos seus esforços em praticar o bem.
  14. A duração do castigo estando subordinada ao melhoramento do Espírito, disso resulta que o culpado que não se melhorasse continuaria sofrendo sempre, e que para ele a pena seria eterna.
  15. Uma condição que inerente à inferioridade dos Espíritos é a de não ver o fim de sua situação e acreditar que sofrem para sempre. Isso faz que para eles o castigo pareça eterno.
  16. O arrependimento é o primeiro passo para o melhoramento. Mas ele apenas não basta, sendo necessárias ainda a expiação e a reparação. Arrependimento, expiação e reparação são as três condições necessárias para apagar os traços de uma falta e as suas conseqüências. O arrependimento suaviza as dores da expiação, porque desperta esperança e prepara a reabilitação, mas somente a reparação pode anular o efeito ao destruir a causa. O perdão seria uma graça e uma anulação da falta.
  17. O arrependimento pode ocorrer em qualquer lugar e tempo. Se ele for tardio, o culpado sofre por mais tempo. A expiação consiste nos sofrimentos físicos e morais que são a conseqüência da falta cometida, seja desde a vida presente ou seja após a morte, na vida espiritual, ou ainda numa nova existência corpórea, até que os traços da falta tenham desaparecido. A reparação consiste em praticar o bem para aquele mesmo a quem se fez o mal. Aquele que não repara os seus erros nesta vida, por fraqueza ou má vontade, tornará a encontrar-se , numa outra existência, com as mesmas pessoas que ofendeu, e em condições escolhidas por ele mesmo para poder provar-lhes o seu devotamento, fazendo-lhes tanto bem quanto o mal que havia feito. É dessa maneira que o Espírito progride, tornando proveitoso seu passado.
  18. Os Espíritos imperfeitos são afastados dos mundos felizes porque perturbariam a sua harmonia. Permanecem nos mundos inferiores onde expiam as suas faltas pelas tribulações da vida e se libertam das suas imperfeições, até merecerem encarnar-se em mundos moral e fisicamente mais adiantados. Se podemos conceber um lugar de castigo determinado é precisamente nos mundos de expiação , pois é ao redor desses mundos que multiplicam-se os Espíritos imperfeitos desencarnados, esperando uma nova existência que permitindo-lhes a reparação do mal que fizeram, os ajudará a progredir.
  19. Como o Espírito conserva sempre o seu livre arbítrio, melhora às vezes de maneira lenta e sua obstinação no mal é bastante tenaz. Pode persistir nessa situação durante anos e séculos, mas chega sempre o momento em que sua teimosia em desafiar as Leis Divinas se abate diante do sofrimento, é então , ele reconhece o poder superior que o domina. Nenhum espírito está na condição de nunca se melhorar. Se assim fosse ele estaria fatalmente destinado a uma eterna situação de inferioridade e escaparia a lei da evolução que rege providencialmente todas as criaturas.
  20. Sejam quais forem as inferioridades e a perversidade dos Espíritos, Deus jamais os abandona. Todos tem o seu espírito protetor que vela por eles, vigia as expansões de sua alma e se esforça para despertar-lhes bons pensamentos, desejos de progredir e de reparar numa nova existência o mal que tenham feito. Não obstante o guia ou protetor age na maioria das vezes de maneira oculta, sem exercer nenhuma pressão. O Espírito deve agir bem ou mal em virtude de seu livre arbítrio.
  21. Cada um só é responsável pelas suas próprias faltas. Ninguém sofre penalidades pelas faltas alheias, a menos que para isso tenha dado algum motivo, seja provocando-as pelo seu exemplo, seja deixando de impedi-las quando podia fazê-lo. É assim, por exemplo, que o suicida é sempre punido, mas aquele que , por sua dureza de coração, leva um indivíduo ao desespero e daí ao suicídio, sofre uma pena ainda maior.
  22. Embora a diversidade de punições seja infinita, existem as que são inerentes à inferioridade dos Espíritos e cujas conseqüências, salvo algumas diferenças, são mais ou menos idênticas. A punição mais comum, entre os que são sobretudo apegados à vida material e negligenciam o progresso espiritual, consiste na lentidão que com que se processa a separação da alma e do corpo, e portanto nas angústias que acompanham a morte e o despertar na outra vida, na duração das perturbações que podem então durar desde meses até anos. Entre os que, pelo contrário, tendo uma consciência pura, identificam-se durante a vida corpórea com a vida espiritual e libertam-se das coisas materiais, a separação é rápida , sem dificuldades, e o despertar aprazível, sendo a perturbação quase inexistente.
  23. Um fenômeno muito freqüente entre os Espíritos de um certo grau de inferioridade moral consiste em se acreditaram ainda vivos após a morte, e essa ilusão pode se prolongar durante anos, através dos quais eles experimental todas as necessidades, todos os tormentos e todas as perplexidades da vida.
  24. Para o criminoso, a visão incessante de suas vítimas e das circunstâncias do crime é um suplício cruel.
  25. Alguns Espíritos são mergulhados em trevas espessas. Outros são postos num isolamento absoluto, no mundo espiritual, atormentados pelo fato de não saberem qual a sua condição e o seu destino. Muitos ficam privados de verem os seus entes queridos. Todos, em geral, passam por sofrimentos cuja intensidade é relativa aos males que praticaram, às dores e necessidades que fizeram os outros sofrer, até que o arrependimento e o desejo de reparação venham trazer-lhes um abrandamento de fazê-los entrever a possibilidade de dar, por si mesmos , um fim a essa situação.
  26. É um suplício para o orgulhoso ver acima dele, gloriosos e radiantes de alegria, os que ele havia desprezado na Terra, ao mesmo tempo que ele é relegado aos últimos lugares. Para o hipócrita, ver-se trespassado pela luz que revela os seus mais secretos pensamentos, que todos podem ler, não havendo para ele nenhum meio de esconder ou se disfarçar. Para o sensual é um suplício passar por todas as tentações, todos os desejos, sem poder satisfazê-los. Para o avarento, ver o seu ouro desperdiçado e não poder retê-lo. Para o egoísta, ser abandonado por todos e sofrer tudo aquilo que os outros sofreram dele, pois ele só pensou em si durante a vida e ninguém agora pensa nele nem o lamenta após sua morte.
  27. O meio de evitar ou atenuar as conseqüências de suas faltas na vida futura é desfazer-se o mais possível de suas faltas na vida futura é desfazer-se o mais possível dos seus defeitos na vida presente, reparar aqui mesmo o mal para não ter de repará-los mais tarde e de maneira mais terrível. Quanto mais demorarmos a deixar os nossos defeitos, mais as suas conseqüências se tornarão penosas e mais rigorosas será a reparação que tivermos que fazer.
  28. A situação do Espírito, desde a sua entrada na vida espiritual, é aquela que ele mesmo se preparou durante a sua vida corporal. Mais tarde, outra encarnação lhe é concedida para expiar e reparar a anterior, passando por novas provas. Mas ele a aproveitará em maior ou menor grau, segundo o seu livre arbítrio. Se não a aproveitar, terá um trabalho de recomeçar, e cada vez em condições mais penosas.
  29. A misericórdia de Deus é sem dúvida infinita, mas não é cega. O culpado que ela perdoou não está dispensado de satisfazer a justiça, passando pelas conseqüências de suas faltas. Por misericórdia infinita é necessário entender que Deus não é inexorável, deixando sempre aberta ao culpado a porta de retorno ao bem.
  30. As penas sendo temporárias e subordinadas ao arrependimento e à reparação , que dependem da livre vontade do homem, acontece o mesmo com os castigos e os remédios que devem ajudar a curar as feridas do mal. Os Espíritos em punição não se encontram na situação dos antigos condenados às galeras, mas como os doentes no hospital. Sofrem a doença que freqüentemente decorre de suas próprias faltas e passam por meios dolorosos de cura de que necessitam, mas tem a esperança de ser curados e se curam mais rapidamente se observarem com exatidão as prescrições do médico que solicitamente vela por eles. Se eles prolongam os sofrimentos por sua própria culpa, o médico nada tem com isso.
  31. Às penas que o Espírito sofre na vida espiritual juntam-se às da vida corporal, que são a conseqüência das imperfeições dos homem , de suas paixões, do mal emprego de suas faculdades e a expiação de suas faltas presentes e passadas. É na vida corporal que o Espírito repara o mal de suas existências anteriores que põe em prática as resoluções tomadas na vida espiritual. É assim que se explicam as misérias e as dificuldades que, à primeira vista, parecem não ter razão de ser, mas na verdade são justas desde que foram determinadas no passado e servem para o nosso adiantamento.
  32. "Deus , pergunta-se, não demonstraria maior amor por suas criaturas se as criasse infalíveis e portanto isentas das vicissitudes decorrentes da imperfeição? Seria necessário para isso, que ele criasse seres perfeitos, nada tendo a conquistar, nem em conhecimentos e nem em moralidade. Os homens são imperfeitos e , como tal, sujeitos às vicissitudes mais ou menos penosas. Este é um fato que temos que aceitar. Mas inferir disso que Deus não é bom, nem justo, seria uma rebeldia. Todos tem o mesmo ponto de partida; não há nenhum que seja , na sua formação, mais bem dotado que os outros. A via da felicidade está aberta a todos , o objetivo de todos é o mesmo, as condições para atingi-lo são as mesmas para todos e a lei gravada em todas as consciências foi ensinada à todos. Deus fez da felicidade o prêmio do trabalho e não do favoritismo para que cada um tenha o seu mérito. Todos são livres para trabalhar ou nada fazer para seu adiantamento. Aquele que trabalha bastante e com rapidez é recompensado mais cedo, mas aquele que se desvia do caminho ou perde o seu tempo, retarda a sua chegada e só pode lamentar de si mesmo. O bem e o mal são facultativos e dependem da vontade de cada um. O homem por ser livre, não é fatalmente levado nem para um, nem para o outro"(O Céu e o Inferno).

Passes e Radiações

Os passes e radiações são recursos de cura física ou espiritual muito difundidos nas seções espíritas. Esse método de socorro espiritual tem na imposição das mãos, na força da oração e radiações magnéticas suas principais ferramentas.
Os passistas, médiuns que aplicam os Passes, devem permanecer em estado de profunda concentração onde a fé , a prece e mente pura, e os sentimentos de amor são indispensáveis à finalidade do ato.
Existem dois tipos de Passes:
  1. O Passe ministrado com recursos magnéticos do próprio médium;
  2. O Passe ministrado com recursos provenientes do Plano Espiritual.
Quanto à aplicação, os Passes podem ser:
  1. Passes individuais, no qual as aplicações são feitas individualmente;
  2. Passes coletivos, quando o Passe é aplicado em grupo;
E existem dois tipos de receptores:
  1. O receptor direto, presente no momento do Passe;
  2. O receptor indireto, ausente no momento do Passe, porém atingido através das irradiações magnéticas.
Esses fluídos magnéticos serão automaticamente aceitos ou não pelo receptor. Se consciente e sincero na sua fé há a chamada receptividade desses fluídos, se descrente e ignorante às leis de Deus , há a chamada refratariedade à recepção do passe, ocasionando uma perda de intensidade e de absorção dos fluídos.

Fontes:

  • O Livro dos Espíritos
  • O Livro dos Médiuns
  • O Céu e o Inferno